terça-feira, 19 de outubro de 2010

GENTRIFICAÇÃO

                                                                                                                           

               Gentrificação

Um fenônemo relativamente recente tem sido notado nas últimas décadas nos países cuja organização urbana está estruturada pelos subúrbios: nota-se um relativo novo interesse das classes de renda alta por áreas residenciais centrais antes consideradas degradadas por elas mesmas nas grandes cidades, em processo oposto ao da suburbanização.                        

             A tal processo deu-se o nome de gentrificação e ele tem sido estudado principalmente por nomes como Neil Smith e Sharon Zukin (cuja obra Landscapes of Power , explora os efeitos desta nova cultura urbana). Exemplos de bairros que normalmente são apontados como resultado de um fenômeno de gentrificação são o SoHo em Nova Iorque e as  Docklands  em Londres.
Gentrificação (um neologismo que ainda não consta dos dicionários de português) ou enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, a um conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervenção governamental, nas mais variadas cidades do mundo.                                                                        

         O enobrecimento urbano, ou gentrification, diz respeito à expulsão de moradores tradicionais, que pertencem a classes sociais menos favorecidas, de espaços urbanos e que subitamente sofrem uma intervenção urbana (com ou sem auxílio governamental) que provoca sua valorização imobiliária .
                                                                                                                                   
        Na experiência Canadiana do termo gentrification entende-se também a re-capitalização de espaços urbanos residenciais e de comércio independente com novos empreendimentos prediais e de grande comércio, ou seja, a substituição de lojas independentes por comércio multi-nacional.   

 Nos últimos dez anos este fenómeno tem por exemplo a mudança radical da natureza das lojas de Queen St. West em Toronto.
                                                                                                    
   Esses processos são criticados por alguns estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu comum caráter excludente e privatizador.                                                                
     Outros estudiosos, como o sociólogo Richard Sennett da Universidade Harvard , consideram demagógico o caráter das críticas, argumentando que problemas urbanos não se resolvem com benevolência para com as camadas mais pobres da população e, na sua opinião, só se resolvem com alternativas que reativem e recuperam a economia do local degradado. "O problema é que o bota-abaixo de 1902 (no Rio de Janeiro) tirou os pobres do centro, mas, como sói acontecer em terras brasileiras, não foi seguido de uma solução para essa horda – que acabou se refugiando nos morros, iniciando a formação das favelas .


A expressão da língua inglesa gentrification foi usada pela primeira vez pela socióloga britânica Ruth Glass, em 1964, ao analisar as transformações imobiliárias em determinados distritos londrinos  

 Normalmente os processos de enobrecimento urbano identificam casos de recuperação do valor imobiliário de regiões centrais de grandes cidades que passaram as últimas décadas por um período de degradação, durante o qual a população que vivia nestes locais era, em geral, pertencente às camadas sociais de menor poder aquisitivo. 
                                                                                                                                                                                                                             Através de uma estratégia do mercado imobiliário , normalmente aliado a uma política pública de suposta "revitalização" dos centros urbanos, procura-se recuperar o caráter outrora glamouroso da região em questão, de forma a deslocar a população original e atrair residentes de mais alta renda e recuperar a atividade econômica no local.

Foi adotada a expressão em inglês gentrification devido ao caráter "enobrecedor" que tais estratégias imobiliárias procuram associar às suas regiões-alvo (a raiz "gent" pode ser grosseiramente traduzida como "nobreza"). Em português, alguns textos chegam a traduzir o processo, de fato, através da expressão "enobrecimento urbano", embora seja mais comum utilizar-se do neologismo "gentrificação".       
                                                                                                                              Dependendo da maneira como seja realizado, o processo também é chamado, por seus críticos, de higienização social ou de limpeza social, especificamente, devido à violência contra direitos humanos com que, por vezes, tais ações são realizadas.        
                                                              
A gentrificação pode tornar-se um problema social de sérias proporções quando as leis não protegem os moradores ou quando a oferta de moradia a preços módicos é inexistente. "Mesmo que os moradores desalojados não fiquem sem teto, a conversão de hotéis delapidados em apartamentos significa que haverá menos opções de habitação para as camadas mais pobres da população e, se isso ocorrer em grande escala, criará uma grande pressão nas já assoberbadas organizações de auxílio voluntário, de caridade e provedores de assistencia social".        
   
«Associados aos políticos, ao grande capital e aos promotores culturais, os planejadores urbanos, agora planejadores - empreendedores, tornaram-se peças-chave dessa dinâmica.

Esse modelo de mão única, que passa invariavelmente pela gentrificação de áreas urbanas "degradadas" para torná-las novamente atraentes ao grande capital através de mega-equipamentos culturais, tem dupla orígem, americana (Nova-York) e européia (a Paris do Beaubourg), atingindo seu ápice de popularidade e marketing em Barcelona, e difundido-se pela Europa nas experiências de Bilbao, Lisboa e Berlim.
              
No  Mundo  

Na medida em que o estado neoliberal tornou-se "agente de" ao invés de "regulador do" mercado, o novo urbanismo revanchista cada vez mais age sob o impulso da produção capitalista, e não mais sob o da reprodução social.                                                                                                         
Com a globalização promovendo um reescalonamento global, a escala do espaço urbano foi refundida. As cidades realmente globais são hoje, na realidade, as metrópoles das crescentes economias da Ásia, América Latina e, em escala menor, da África.                    

                                 O processo de gentrification, ou em português enobrecimento urbano, que começou como um fato isolado e esporádico aqui e ali - mais como uma 'anomalia' em algumas cidades do mundo desenvolvido - generalizou-se como uma estratégia urbana liberal: sua incidência agora é global, e a gentrification (enobrecimento urbano) está intimamente ligada ao circuito global de circulação de capitais, com a mudança de foco da escala urbana, anteriormente definida de acordo com condições de reprodução social, para uma escala em que o capital produtivo detém uma precedência nítida.
                                                

              

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