terça-feira, 19 de outubro de 2010

NO BRASIL

Embora o processo de urbanização brasileiro apresente diferenças significativas em relação ao mundo anglo-saxão - onde já existe uma tradição de estudos sobre gentrificação - no Brasil também ocorrem, sobretudo nas grandes cidades, casos de mudanças de perfil de renda, decorrentes de expulsão e substituição de população local, ligadas a operações urbanas de "renovação", "requalificação", "revitalização" e assemelhados.                                          

         Esses casos têm sido tratados pelos estudiosos como processos de gentrificação.                
      Entre os vários estudos, destacam-se aqueles relacionados ao bairro do Pelourinho , em Salvador
                                                                                                        

. A Operação Pelourinho, como ficou conhecido o projeto de recuperação de um dos mais expressivos conjuntos arquitetônicos do período colonial brasileiro, foi uma das primeiras operações de gentrification no Brasil.                                                                                                   

       No centro histórico da cidade de Salvador, o Pelourinho sofreu uma reforma "relâmpago" quando em 1992 foi aberta pelo governo do Estado uma licitação para que empresas privadas realizassem a reforma com um prazo de 150 dias para a conclusão das obras           

                 Feita em curto espaço de tempo, a reforma foi muito criticada em vários pontos, especialmente por ter sido executada praticamente à revelia das instâncias municipais e federais de preservação.

Em 1993 chegou a vez do Recife. Foi "revitalizado" naquela cidade o Bairro do Recife Antigo que fora, em 1910, reconstruído segundo o modelo da Paris de Haussmann.                              

     Foi assinado um acordo com a Fundação Roberto Marinho e a empresa Akzo do Brasil (Tintas Ypiranga) para pintar as fachadas do Bairro do Recife Antigo.                            

                         O Projeto Cores da Cidade, que também se realizou no Rio de Janeiro.,  foi um dos primeiros resultados práticos da "revitalização" do Bairro, efetuada no sistema de parcerias: a Akzo doava as tintas, os proprietários arcavam com a mão-de-obra, a prefeitura supervisionava as reformas e dava incentivos fiscais aos proprietários, e a Fundação Roberto Marinho  assegurava a divulgação das reformas em rede nacional de televisão.

« Na realidade, os processos de gentrificação estão agora cada vez mais colocando em risco a coesão social e a inclusão de distritos históricos, levando mesmo, em alguns casos, a uma transformação social brutal e a despejos forçados. >>          

                                                   Muitos políticos, "promotores de negócios", corretores imobiliários, e até alguns academicos conservadores têm considerado a gentrificação como sendo uma política puramente positiva. Vêem nela o remédio ideal para a solução humana, ecológica e fiscal de regiões urbanas decadentes.

 "Mas como os esforços da Central City East Assn.’s (em Los Angeles) para varrer e lavar as áreas da cidade onde moram vagabundos demonstrou gentrificar um bairro frequentemente significa deslocar os que lá habitavam, e deslocamentos não ocorrem sem brigas (…) E muitas vezes, o preço a pagar é alto demais".

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